O exemplo de Caim e Abel. (Gen 4.2-4)
A raiz da doutrina do dízimo é
identificada ainda nos primórdios da criação. Após a queda do homem, começou um
novo diálogo entre Deus e o homem. Caim e Abel, nossos primeiros irmãos, foram
ensinados a que fossem leais ao criador e oferecessem, espontaneamente, ao
Senhor alguma coisa do produto de seu trabalho, em gratidão pela sua bondade.
(Gn 4.3,4).
O exemplo de Abraão. (Gn
14.18-24)
De fato a primeira menção específica do
dízimo, no antigo testamento, ocorre quando Abraão trouxe a sua oferta ao senhor
e a entregou ao "sacerdote do Deus altíssimo". Notemos que Abraão
tornou-se agradecido a deus, por isso entregou seus dízimos ao sacerdote
Melquisedeque.
O exemplo de Jacó (Gn
28.18-22)
Com a mesma característica de atitude de
seu avô Abraão, o dízimo de Jacó era voluntário e expressava sua gratidão a
Deus pelas bênçãos recebidas. Observasse que Jacó já havia recebido instruções
acerca do dízimo através dos seus pais, Isaque e Rebeca. É um exemplo positivo
para a família cristã, hoje, ensina os filhos a serem fiéis e agradecidos a
Deus com seus dízimos e ofertas.
Lamentavelmente, como todas as doutrinas
da Escritura, o dízimo também está sendo atacado, mesmo no seio da igreja,
sendo tais ataques ajuntados a uma velada ou explícita resistência devido a
eventuais erros que possam estar sendo cometidos em seu uso ou mesmo por
injustificada suspeita do dizimo não está sendo bem administrado. Questionam-se
os motivos dos que pedem o dizimo para a obra e muitas vezes alimentam-se
sentimentos de que se está sendo enganado ou defraudado, como resultado
perde-se a noção de uma sagrada reserva, e é prejudicado o avanço da obra de
Deus.
Foi somente após a saída dos israelitas
do Egito que o dízimo foi regulamentado para o sistema levítico. Ele era dado
ao levita, devido a não ter “herança na terra”, isto é, ele vivia
exclusivamente para o serviço religioso e isso lhe dava direito a todos os
dízimos (Lv 27:30-34).
O dizimo, é anterior a Moisés e proclama
o princípio de que Deus é o verdadeiro dono de tudo, e provedor de todo
sustento.
A palavra dízimo não é usada de forma
direta nas instruções à igreja sobre o assunto, no entanto é bom lembrar que a
omissão não invalida a doutrina e nem o Novo Testamento se destinava a ser o
instrumento único que vai estabelecer as doutrinas válidas da igreja. Uma
doutrina não precisa ser repetida nos escritos neotestamentários para ser
validada. Aliás, o Antigo Testamento eram as Escrituras usadas pelos apóstolos
e na qual respaldavam seus ensinos. Encontramos, porém, no Novo Testamento, o
ensino do dízimo abordado de outra forma, nos argumentos em favor de uma visão
mais exaltada do ministério cristão e seu direito à justa remuneração. Como o
dízimo existia, anterior a lei levítica, deve também perseverar após ela.
O dizimo sempre foi uma forma de reconhecimento da
providencia e da soberania de Deus. Desde os primeiros homens na terra, desde
os tempos de abel e caim havia uma consciencia da soberania e providencia de
Deus. O dízimos é um reconhecimento da providencia de Deus independente de
nossas forças e posses terrenas. O dizimo também é um ato profético, pôs fala
de primícias, de dar o primeiro fruto de nosso trabalho (Êxodo 22:29,30/ 23:19/
34:26/ Deut 26:2/ Prov 3:9). O dizimo sempre apontou pra Jesus Cristo, o
primogênito de Deus que seria enviado ao mundo. Deus, antes dos tempos e dos
séculos, preparou a sua prímicia, o seu primeiro e único filho para ser entrega
em sacrifício pelo homem pecador.
O dizimo não foi instituido na lei, o dizimo sempre foi uma oferta voluntaria
ao único e verdadeiro Deus, desde os primórdios dos tempos do homem.
Independente da força física, sabedoria, e posse para adiquirir o sustento, o
dízimo sempre foi um reconhecimento que Deus está provendo tudo.
Embora o dizimo seja algo voluntario, assim como amar a Deus também é algo
voluntario, é pecado não reconhecer a Deus como soberano e o Deus de
providencia, assim como é pecado não amar a Deus.
Na epístola aos Hebreus, capítulo sete, menciona-se a
exclusividade dos levítas para recolher o dízimo dentro do sistema Mosáico. O
autor de Hebreus aproveita a oportunidade para chamar a atenção de que em
Abraão (antepassado dos levítas) Levi, havia dado os dízimos para um sacerdócio
superior, instituído por Deus. Mequizedeque é representante do sacerdócio de
Cristo, superior ao aarônico e levita. Aqui, mais uma vez, o dízimo é
mencionado em sua anterioridade ao sistema levítico e é declarada a sua
natureza sagrada e exclusiva para o ministério, servindo inclusive, para
identificar a importância do ministério não levítico de Mequizedeque, pois que
esse recebeu dízimos do próprio Abraão. Embora não seja o propósito direto da
passagem em questão, somos levados a pensar, se, os dízimos dados a
Mequizedeque, não apontam para o princípio da manutenção sacerdotal que passa
por Moisés, chega ao NT e permanece até os dias atuais, lembrando que o atual
ministério é uma extensão, na Terra, daquele que está sendo desenvolvido pelo
Salvador no Santuário do Céu. Não é o ministério da igreja, por meio dos que
“vivem do evangelho”, uma extensão do ministério salvador de Cristo (1
Pedro 2:5,9)?
O fariseu, estrito cumpridor da Lei, não esquecia seu
dízimo, mesmo que fosse “do endro e do cominho” (Lc 18:12). Embora sua
negligência da justiça, misericórdia e fé merecesse a reprovação de Jesus, o
Salvador não deixou passar a oportunidade para reiterar o princípio da
fidelidade nos dízimos: “fazei estas coisas sem omitir aquelas”. Ou seja, “não
use o dízimo para negligenciar a misericórdia, não use a misericórdia para
negligenciar o dízimo” (Lc 11:42; Mt 23:23). Uma advertência do próprio
Salvador contra a religião unilateral, que se inclina para um só lado.
A defesa de Paulo para a remuneração dos
ministros do evangelho, tem sua base argumentativa nos textos do AT que se
referem às entradas que mantinham os sacerdotes (1Co 9:6-14). Segundo ele:
1) Havia apóstolos que não trabalhavam secularmente (v. 6).
2) Pagar ministros era uma prescrição da lei (v. 8 e 9), e esta o fazia pelo
sistema de dízimos (Nm 18).
3) O verso 13, diga-se, é uma referência direta do dízimo. Pois baseia seu
apelo para o pagamento de ministros da igreja no direito dos sacerdotes e
levitas que tinham seu sustento garantido pelo dízimo, a principal de suas
entradas. Afinal não eram os sacerdotes e levitas os únicos que se podiam
achegar ao altar e prestar o serviço sagrado no Templo (Nm 18:20-26)?
4) Essa parte, devida aos sacerdotes, é um direito do qual já estavam fazendo
uso (vv. 10 e 12).
5) O mesmo sistema deve ser usado para os ministros do evangelho (v. 14).
6) Um direito do qual Paulo abriu mão (1 Co 9:12, 15), entre os coríntios (2Co
11:7), mas por causa da contestação do seu apostolado (2Co 11:5, 6) e para não
dar ocasião aos falsos apóstolos (2Co 11:8 a 13), no entanto usou desse direito
aceitando salário de outras igrejas (2Co 11:8).
7) Esse é um direito tão natural, segundo o apóstolo, como de alguém que planta
uma vinha (1Co 9:7; Dt 20:6) e dela cuida (Pv 27:18).
Além disso, pagar os pastores é justo, especialmente aos que servem na pregação
e no ensino (1Tm 5:17-18). Deve ser feito de tal maneira que não desperte
ganância (1Pe 5:2). Afinal, o objetivo é que o pastor, pago pela igreja, não se
embarace com as coisas desta vida e assim, sirva bem à causa de Deus (2Tm 2:4).
Vê-se pois, que, mesmo antes de Moisés, o sistema de manutenção dos ministros
de Deus era basicamente pelo dízimo; assim foi durante a teocracia em Israel
para a manutenção dos levitas e sacerdotes do Templo de Jerusalém; a manutenção
dos ministros do evangelho foi defendida por Paulo usando a linguagem e as
idéias do sacerdócio levítico do AT; e, uma vez que a Bíblia não apresenta
nenhum outro sistema, parece lógico concluir que esse é o plano que deve ser
usado hoje em dia na igreja. Qualquer outro sistema assume a condição de uma criação
meramente humana tentando substituir o plano de Deus.
Observemos Mateus 23.23 e Lucas 11.42
respectivamente transcritos a seguir:
“ Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, pois que dizimais a hortelã, o
endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a
misericórdia e a fé, deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas ”
( Mt 23.23 ).
“ Mas ai de vós, fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda
hortaliça, e desprezais o juízo e o amor de Deus. Importava fazer estas coisas
e não deixar as outras ” ( Lc 11.42 ).
Neste caso, podemos claramente entender que ao finalizar Seu comentário, Jesus
diz que eles deveriam continuar dando o dízimo e, inclusive, não se omitirem de
praticar o restante da Lei.
Porém, devemos fazer a seguinte pergunta: A quem Jesus estava dirigindo Suas
Palavras e qual o teor Destas Palavras? Jesus se dirigia aos escribas e
fariseus. Esses homens, vivendo o judaísmo regido pela Lei, confiavam na sua
própria justiça e capacidade, no que tange à guarda da Lei. Apresentavam-se a
Jesus nas condições de salvos, justificando-se a si mesmos pela prática da Lei
mosaica, e desconheciam Jesus como Salvador, confiando nas suas próprias obras
de justiça.
Em Lucas 16.15, Jesus disse-lhes: “ Vós sois os que justificais a vós mesmos
diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os
homens é elevado, perante Deus é abominação ”.
Foi essa a cobrança que Jesus fez aos
fariseus, que não fossem somente dizimistas, e que não desprezassem o mais
importante da Lei:
“ O juízo, a misericórdia e a fé ” ( Mt 23.23 )
“ O juízo e o amor de Deus ” ( Lc 11.42 )
ABRAÃO E JACÓ
Gênesis 14:17-20: "E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que
voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de
Savé, que é o vale do rei. E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe
pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse:
Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E
bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas
mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo."
Nesta passagem, somos ditos que Abraão deu um dízimo a Melquisedeque,
presumivelmente como uma expressão de gratidão a Deus por capacitar-lhe e
conceder-lhe resgatar seu sobrinho Ló, que tinha sido levado cativo.
Gênesis 28:20-22: “E Jacó fez um voto, dizendo: Se
Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e
vestes para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me
será por Deus; E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e
de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.”
Jacó, nesta passagem, está fazendo um
voto em resposta a uma visitação que recebeu de Deus, em um sonho. Neste sonho,
Jacó viu uma escada alcançando o céu, com os anjos de Deus subindo e descendo
por ela. No sonho, Deus estava de pé, acima da escada, e disse a Jacó "...
Eu sou o SENHOR Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que
estás deitado, darei a ti e à tua descendência; E a tua descendência será como
o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul,
e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra; E eis
que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a
esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho
falado." (v. 13-15). Em resposta, Jacó fez o voto que, se Deus
guardasse Sua promessa, ele, por sua vez, daria a Deus um dízimo.
Estes exemplos de dizimar
encontrados no Velho Testamento antes da Lei ser dada. Ambos são exemplos
de algo voluntário. A pratica do dizimo era algo comum dos crentes desde o
principio.
A prática do dízimo é anterior a
lei mosaica – Gen 4:1-4 (Abel e Caim)/ 14:18-20 e 28:18-22. Cerca de duzentos e
cinqüenta anos depois de Jacó em Betel, Deus orientou a Moisés instituir o
dízimo na lei.
Foi incorporada na lei mosaica - Lv 27.30.
Foi ensinada pelos profetas - Ml 3.8-12
No Novo Testamento fica claro que o
dízimo é o referencial mínimo para a contribuição. O dízimo era uma prática
comum antes da Lei, durante a Lei e um modelo que pode ser observado por nós.
Jesus não determinou de forma direta a
obrigatoriedade em dar-se “os dízimos” aos participantes da Nova Aliança, no
entanto, este costume é citado algumas vezes no Novo Testamento. A igreja de
Cristo precisa entender que os dízimos são uma forma de "oferta"
agradável a Deus e necessário para suprir as necessidades da Obra, tanto na evangelização
como na manutenção de templos.
Na Lei Mosaica.
"A décima parte das colheitas, tanto dos cereais como das frutas, pertence
a Deus, o SENHOR, e será dada a ele." Lv 27.30 e
"Certamente, darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano
após ano se recolher do campo." Dt 14.22
Em nosso dias, observamos o modelo
deixado no Antigo Testamento, para ofertarmos a Deus, suprindo assim as
necessidades da igreja na obra de evangelização e manutenção de templos e
despesas com o sacerdócio. Deve-se entregá-lo no local definido por Deus,
geralmente, a Igreja na qual congregamos e ou Ministérios envolvidos com a Obra
do Pai.
É lamentável a constatação que o “dinheiro do Senhor” é usado por alguns
líderes para a sua satisfação pessoal, bem como, aplicado em “situações” que
não beneficiam a Obra do Senhor. Estes prestarão contas a Deus por suas ações
pecaminosas.
Em nossos dias o ato de dizimar e ou
ofertar estão desgastados; é visto pela sociedade como um meio de explorar a fé
dos mais simples. Esta visão deturpada nasceu em decorrência dos exageros
praticados por pregadores que não observam os princípios de Deus em suas vidas,
e literalmente roubam os servos ao fazerem promessas mirabolantes de riquezas e
prosperidades advindas da entrega do dízimo.
Dar Voluntariamente
"...vossas dádivas, e de todos os vossos votos, e de todas as vossas
ofertas voluntárias que dareis ao SENHOR." Lv 23.38
O dizimar era uma obrigação de cada israelita, mas, o desejo de ofertar deveria
nascer no interior do coração, marcado por gratidão e alegria, uma ação
voluntária, através da qual o Eterno era adorado. Assim devemos agir, não
constrangidos por uma obrigação, mas, com prazer e alegria, pois é do Senhor e
é para o Senhor.O fato do dízimo não ser citado no
novo testamento pelos apóstolos como mandamento, não significa a abolição do
dízimo.
O fato de Abraão reconhecer a propriedade
divina sobre os seus bens levou-o a entregar o dizimo (Gn 14.22). Enquanto o
crente não compreender essa verdade, terá dificuldade para ser fiel nas coisas
de Deus.
Algumas correntes religiosas alegam que o dízimo é da lei. Para esses é importante
lembrar que, ainda que fazia parte da mesma, contudo, não se tratava de
imposto. Onde encontramos no AT., qualquer relato do dizimo sendo cobrado
por algum coletor de imposto? Mesmo no período da lei, o dízimo
tratava-se de um princípio e valor espiritual.
A finalidade do dízimo (Nm 18.20-32) Aqui
se esclarece a finalidade e utilidade do dízimo – o sustento do sacerdócio.
Primariamente essa é a finalidade do dízimo. A tribo de Levi não recebeu
qualquer porção da terra, quando esta foi dividida. Deveriam ser sustentados
pelas demais tribos, para que se dedicassem, inteiramente a ministração daquilo
que é sagrado.
Outra finalidade importante no fato de dizimar, é a beneficência (Dt 14.22-29).
Ele servia para o amparo dos necessitados: estrangeiros, órfão e viúva. Leiamos
cuidadosamente a passagem que se encontra no capítulo 26 versículos 12-15.
Se no antigo testamento o dizimo era usado para beneficio do templo e dos
ministros, e se tanto quanto no antigo testamento e novo testamento há
ministros e templo, como se fará a manutenção da obra de Deus?
O silêncio do assunto no novo testamento não invalida o
Dízimo.
O relativo silêncio sobre o tema do
dízimo, pode ser entendido se considerarmos que o dízimo era algo que Jesus,
Paulo e outros autores bíblicos consideravam sua prática um fato habitual e
indiscutível. Tratava-se, portanto, de uma prática que não necessitava ser
estabelecida.
Jesus não se opôs ao dízimo (Mt 5.
17,18; 23.23). Podemos classificar o dízimo como pertencente à lei
moral, visto que partimos do princípio de que tudo que temos é de Deus. Ele é
dono de todas as coisas. A lei cerimonial ficou circunscrita a Israel;
referia-se a costumes, alimentação e etc. Hoje não temos nenhuma obrigação para
com essa lei.
PASSAGENS DIDÁCTICAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO
NEOTESTAMENTÁRIA
I Coríntios 16:1,2, esta passagem não é
necessariamente uma passagem de ensino da contribuição para o sustento da
Igreja, do Culto, do Ministério; é antes, relativa à beneficência para os
crentes pobres da Judeia, como aparece em outras escrituras. Contém,
entretanto, elementos valiosíssimos para a teologia do dízimo, nomeadamente o
princípio da proporcionalidade, que está na base do Dízimo, aqui não expresso
mas subentendido, na frase “conforme a sua prosperidade”. Esta expressão não
sustenta a prática de qualquer cristão contribuir com “qualquer coisa”.
AS CONCLUSÕES DA ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM (Atos 15:22-30)
A Igreja vivia um período de transição,
como se releva em Atos. Judaizantes que desceram de Jerusalém para Antioquia
ensinavam que os gentios conversos deviam sujeitar-se à Circuncisão. Os Irmãos
nascentes, com
Paulo e Barnabé, resolveram que estes
dois e outros subissem à Igreja em Jerusalém. A Igreja decidiu por “pleno
acordo”, recomendar-lhes, por epístola, que se abstivessem das coisas
sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e das relações sexuais
ilícitas.
O Dízimo como princípio da propriedade,
providencia e soberania de Deus, permanente, nunca aparece revogado em qualquer
Escritura.
McConoughy, erudito bíblico e histórico,
diz que “Em todo o mundo pagão antigo se reconhecia à Divindade o direito à
décima parte dos bens.” E no N.T. ele não é referido mais fortemente porque
todos, Judeus e Gentios, o entregavam. Como prova disso está que nem Jesus nem
os Apóstolos têm de repreender os Cristãos por faltarem na entrega dos Dízimos.
Referindo-se aos fariseus, Jesus disse
aos discípulos: “Fazei, pois, e guardai tudo quanto eles vos disserem ...”,
Mateus 23:1-3, o que incluía o Dízimo; Jesus não os censurou por darem os
Dízimos: “Sem omitir aquelas” refere-se a dizimar a hortelã, o endro e o
cominho; enquanto “devíeis, porém, fazer estas coisas”, refere-se “aos
preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé”, em Mateus
23:23; censurou, sim, por negligenciarem estes.
Tratando do sustento do Ministério da
Palavra na I Coríntios 9:4-14, Paulo usa uma porção de metáforas, muito
expressivas e refere-se aos sacerdotes e levitas no v.13, os quais, claramente,
eram sustentados pelos dízimos, apelando, inclusivamente, antes, à autoridade
da Lei no v.8. Fica demonstrado inequivocamente que o Dízimo foi ensinado e
praticado no N.T., e que os Cristãos Primitivos iam muito além do Dízimo;
“Nenhum deles dizia que coisa alguma era sua própria ...”, Atos 4:32-35.
Não quero de modo algum, interpretar o
Dízimo como uma lei, do tipo do V.T., para ser cumprida no espírito legalista.
O que encontramos no N.T., nas referências que citei, são o ensino e a prática
do Dízimo tal como outros ensinos.
O dízimo de Abrão: (Gênesis 14:18/20), o
mesmo assunto está registrado em (Hebreus 7:4/6), os antidizimistas afirmam que
o dízimo não é da dispensação cristã e, sim da Lei. Aqui o dízimo aparece uns
400 anos antes da lei, e sem mandamentos divino, se o dízimo apareceu, na
história do povo de Deus, tanto tempo antes da lei, certamente, não é criação
sua, e muito menos, sua exclusividade.
(Mateus 23:23) duas coisas importantes
quero destacar nesta passagem. a primeira é a declaração de Jesus,
afirmando que a fé, a misericórdia e o
juízo, também pertencem a lei. Ele diz precisamente, isto “Vós dizimais a
hortelã, o endro e o cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo a
misericórdia e a fé”.
Agora considere segunda, o Senhor Jesus
não era antidizimista! do seu parecer observa-se, com clareza, que Ele era
favorável ao Dízimo, tanto na vigência da lei, como no regime do evangelho.
A palavra dízimo não é usada de forma
direta nas instruções à igreja sobre o assunto, no entanto é bom lembrar que a
omissão não invalida a doutrina e nem o Novo Testamento se destinava a ser o
instrumento único que vai estabelecer as doutrinas válidas da igreja. Uma
doutrina não precisa ser repetida nos escritos neotestamentários para ser
validada. Aliás, o Antigo Testamento eram as Escrituras usadas pelos apóstolos
e na qual respaldavam seus ensinos.
Na epístola aos Hebreus, capítulo sete,
menciona-se a exclusividade dos levitas para recolher o dízimo dentro do
sistema Mosáico. O autor de Hebreus aproveita a oportunidade para chamar a
atenção de que em Abraão (antepassado dos levítas) Levi, havia dado os dízimos
para um sacerdócio superior, instituído por Deus.
Mequizedeque é representante do
sacerdócio de Cristo, superior ao aarônico e levita. Aqui, mais uma vez, o
dízimo é mencionado em sua anterioridade ao sistema levítico e é declarada a
sua natureza sagrada e exclusiva para o ministério, servindo inclusive, para
identificar a importância do ministério não levítico de Mequizedeque, pois que
esse recebeu dízimos do próprio Abraão.
A defesa de Paulo para a remuneração dos
ministros do evangelho, tem sua base argumentativa nos textos do AT que se
referem às entradas que mantinham os sacerdotes (1Co 9:6-14). Segundo ele:
1) Havia apóstolos que não trabalhavam
secularmente (v. 6).
2) Pagar ministros era uma prescrição da
lei (v. 8 e 9), e esta o fazia pelo sistema de dízimos (Nm 18).
3) O verso 13, diga-se, é uma referência
direta do dízimo. Pois baseia seu apelo para o pagamento de ministros da igreja
no direito dos sacerdotes e levitas que tinham seu sustento garantido pelo
dízimo, a principal de suas entradas. Afinal não eram os sacerdotes e levitas
os únicos que se podiam achegar ao altar e prestar o serviço sagrado no Templo
(Nm 18:20-26)?
4) Essa parte, devida aos sacerdotes, é
um direito do qual já estavam fazendo uso (vv. 10 e 12).
5) O mesmo sistema deve ser usado para os
ministros do evangelho (v. 14).
6) Um direito do qual Paulo abriu mão (1
Co 9:12, 15), entre os coríntios (2Co 11:7), mas por causa da contestação do
seu apostolado (2Co 11:5, 6) e para não dar ocasião aos falsos apóstolos (2Co
11:8 a 13), no entanto usou desse direito aceitando salário de outras igrejas
(2Co 11:8).
7) Esse é um direito tão natural, segundo
o apóstolo, como de alguém que planta uma vinha (1Co 9:7; Dt 20:6) e dela cuida
(Pv 27:18). Além disso, pagar os pastores é justo, especialmente aos que servem
na pregação e no ensino (1Tm 5:17-18). Deve ser feito de tal maneira que não
desperte ganância (1Pe 5:2). Afinal, o objetivo é que o pastor, pago pela
igreja, não se embarace com as coisas desta vida e assim, sirva bem à causa de
Deus (2Tm 2:4).
Vê-se pois, que, mesmo antes de Moisés, o
sistema de manutenção dos ministros de Deus era basicamente pelo dízimo; assim
foi durante a teocracia em Israel para a manutenção dos levitas e sacerdotes do
Templo de Jerusalém; a manutenção dos ministros do evangelho foi defendida por
Paulo usando a linguagem e as idéias do sacerdócio levítico do AT; e, uma vez
que a Bíblia não apresenta nenhum outro sistema, parece lógico concluir que
esse é o plano que deve ser usado hoje em dia na igreja. Qualquer outro sistema
assume a condição de uma criação meramente humana tentando substituir o plano
de Deus.